As opções são muitas: humoristas, ex-prostitutas, modelos, personalidades "estrangeiras", atletas e pessoas dos mais diversos setores da sociedade estão no universo de 20.335 candidatos para as eleições do próximo dia 3 de outubro.
A atenção da imprensa e do eleitorado está na escolha do sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão trouxe para os lares brasileiros milhares de desconhecidos que sonham fazer da política seu meio de vida.
Além de presidente, cargo para o qual concorrem nove candidatos, serão escolhidos 27 governadores, 54 senadores (dois terços do total) e todos os titulares da Câmara dos Deputados e das assembléias legislativas, cargos que são alvo da cobiça de veteranos e novatos na política.
O humorista Tiririca, que ficou famoso com a música "Florentina", apresenta sua candidatura a deputado federal por São Paulo com um slogan que seria cômico se não fosse trágico: "Vote no Tiririca, pior do que está não fica".
Filiado ao Partido da República (PR), Tiririca não apresenta nenhuma proposta em seu programa eleitoral, mas em um de seus vídeos usa sua falta de experiência política para pedir o voto.
"O que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto", afirma.
Entre estrelas (nem todas de primeira grandeza) da televisão, há muitos outros candidatos, entre cantores, atores e até dançarinas, que decidiram testar a popularidade e chegar à política.
Suéllem Rocha, de 23 anos, é uma delas. Mais conhecida como Mulher Pera por sua fina cintura, quadris avantajados e espartilho apertado, que lembram vagamente a forma da fruta, ela tenta se eleger deputada federal pelo nanico Partido Trabalhista Nacional (PTN) em São Paulo.
Cantora, repórter e modelo, segundo seu site, a Mulher Pera apresentou uma foto com decote generoso para ser exibida na urna eletrônica, e conta com o apoio de nomes de peso no mundo da política, como o senador Eduardo Suplicy, do Partido dos Trabalhadores (PT).
"Vote na Pera para ser feliz" e "Os jovens votam nos jovens" são as palavras de ordem da candidata em sua campanha para chegar à Câmara.
Com o slogan de duplo sentido "Uma puta deputada", a ex-prostituta Gabriela Leite, de 58 anos, é candidata a deputada federal pelo Partido Verde (PV) no Rio de Janeiro com um discurso franco, que critica expressões politicamente corretas, como "profissionais do sexo", pois considera que servem para esconder preconceitos sociais.
Gabriela, fundadora da ONG Davida, dedicada à prevenção da aids e defesa dos direitos das prostitutas, que reúne 4.500 mulheres no estado do Rio, e da marca Daspu, de roupas para garotas de programa, também é autora de um livro sobre sua vida.
O mundo artístico também deu a estas eleições outros candidatos, como o cantor, ator e apresentador Netinho de Paula, líder do grupo de pagode Negritude Jr., que há dois anos foi eleito vereador de São Paulo e agora quer voar mais alto, até o Senado, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
O ataque brasileiro na conquista do Tetra, em 1994, formado por Romário e Bebeto, faz parte do leque eleitoral, para desta vez marcar gols na política. Entretanto, agora, cada um está de um lado, visando balizas diferentes.
Romário é candidato a deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Rio, enquanto Bebeto se inscreveu para deputado estadual, também no estado fluminense, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Como a lei eleitoral permite a escolha de nomes diferentes daqueles que estão na carteira de identidade e do título de eleitor, as curiosidades vão longe.
Desta forma, Rosemar Luiz da Rosa Lopes é "Barack Obama", candidato a deputado federal do Partido Social Cristão (PSC) no Rio Grande do Sul, e Adolphino Rosário Cruz é "Nelson Mandela", que também busca o mesmo cargo, pelo Partido Progressista (PP) em São Paulo.
Entre os candidatos há também médicos, professores, carteiros, bombeiros, padeiros, policiais, cabeleireiros, ex-militares, ex-atletas e um sem-número de desconhecidos que, em suas aparições televisivas, de poucos segundos, só conseguem dizer seus nomes, partidos e números, sem apresentar nenhuma proposta.
Tudo é possível na política brasileira.
Fonte: Alba Fernández Candial - EFE
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