Uma pergunta para você: Você é brasileiro ou Brasiliano?
Essa pergunta me incomoda há muito tempo, desde que uns amigos daqui do Sul comentaram sobre a questão do gentílico em uma lista de discussão. E agora, diante da exposição de tanta bandalheira nacional, demonstrando que a podridão vem de Brasília, e uma denunciada apatia do Povo e de tantas pessoas das classes mais bem informadas, incluindo a imprensa em geral, penso que é um momento certo para colocar o tema em perspectiva.
Para começar, quero propor que se procure um outro gentílico com o sufixo que indique uma atividade laboral, além do “brasileiro”. Poderíamos dizer que um português seria “portugueseiro”? Um espanhol, “espanheiro”? Um americano, “americaneiro”? Um húngaro, “hungareiro”? Um alemão, “alemoreiro”? Um Japonês, “japaneiro”? Um italiano, “italineiro”? Coisa estranha, não é mesmo?
Achou outro? O gentílico “brasileiro” vem da atividade profissional das pessoas que estavam ligadas à extração e comercio do pau-brasil na época do Brasil Colônia, já que o nome Brasil, deriva exatamente dessa madeira, que era uma das riquezas extraídas do solo da Terra de Vera Cruz para ser comercializado na Europa. Foi adotado como gentílico oficial a partir da Constituição de 1824. Mas as nações no mundo inteiro não fizeram nada parecido. Nenhuma adotou um gentílico obreiro.
O que isso pode ter influenciado ou ainda estar influenciando o indivíduo de nosso Povo? Analisemos:
a) trabalhamos muito e fazemos pouco dinheiro em salários (o “ganhar” salário é um paradoxo para um povo que é reconhecido como trabalhador, obreiro – o “brasileiro”);
b) trabalhamos muito para os Governos – cerca de cinco meses e vinte e cinco dias – somente para pagar impostos, taxas e tributos;
c) trabalhamos muito para pagar a prestadores de serviços privados pelos serviços que deveriam ter sido prestados pelos Governos;
d) trabalhamos muito para pagar os mais alto juros do planeta, e quando me refiro a isso é sobre os 8% mensais cobrados em um cheque especial, 15% mensais cobrados em um cartão de crédito, ou os juros que são capitalizados em financiamentos por adesão obrigatória e unilateral;
e) trabalhamos muito para pagar por serviços prestados por empresas oligopolizadas, livres de concorrência demais empresas, graças ao sistema “regulador” que vigora no País – a competição entre três ou quatro empresas, quando muito, é ridícula, os preços parecem combinados.
f) Trabalhamos muito para ver nosso salário sofrer tantos descontos, incluindo os para sindicatos, mesmo não sendo obrigatório conforme diz a Constituição;
g) Trabalhamos muito para ver o que acontece com nosso dinheiro em Brasília, sem dispensar o quem acontece em tantos estados e municípios, cujos modelos organizacionais são praticamente espelhos do modelo federal;
h) Trabalhamos muito para não poder usufruir de infraestrutura decente, termos que nos sujeitar a enfrentar caminhões, estradas esburacadas com pedágio, desconforto e risco à vida, porque faltam trens, cabotagem, companhias aéreas, navegação fluvial...;
i) Trabalhamos muito para ver nosso País ser envolvido com países que abandonaram a democracia e as Liberdades Civis, colocando em risco o pouco que ainda temos;
j) Trabalhamos muito para pagar altas taxas judiciárias e não ter a contraprestação rápida, dentro do respeito à Lei, principalmente à Lei Maior – a Constituição;
k) Trabalhamos muito para gastarem nosso dinheiro na formulação de muitas leis que não prestam, sendo ainda mais de 40% completamente inconstitucionais;
l) Trabalhamos muito para ser afogados no mar de burocracia, carimbos e autorizações, um País no qual se criam dificuldades para que se vendam facilidades;
m)Trabalhamos muito para ter uma Constituição e... não tê-la como nossa maior referência, pois 2/3 da mesma não valem nada por não estarem regulamentados (uma constituição que depende de legislação é refém desta) e 1/3 é de duvidosa serventia;
n) Trabalhamos muito, enfim, para não termos a Nação e o País que tanto desejamos, pois o Homem é produto do meio e se não estamos satisfeitos nem com nossos irmãos compatriotas, não confiamos em ninguém, então não temos a necessária coesão que forma uma Pátria de verdade. ....
Poderia listar mais tantas coisas pelas quais trabalhamos, parei exatamente na letra “n” que designa “o muito mais”, pois afinal, nos acostumamos a ser isso mesmo: “eiros!”. Obreiros de governos, de empresas oligopolizadas, de bancos e financeiras autorizadas a fazer usura livremente, de esquemas de corrupção nas três esferas de Poder e dos Três Poderes, deixamos de ser, ao longo de tanto tempo, de tantas gerações de “eiros”, cidadãos de primeira classe.
Deixamos de ser o que talvez nunca tenhamos sido: Brasilianos! Não estaria na hora de rever isso? Não me refiro à troca oficial do gentílico, mas do sentimento de ser Brasiliano. Sim, Brasiliano escrito como substantivo próprio, tal como, no idioma inglês, por exemplo, são tratados todos os gentílicos. Aliás,os estrangeiros nos tratam de Brasilianos: em italiano se diz “Brasiliano”, em espanhol se diz “Brasileño”, em inglês se diz “Brazilian”, em alemão se diz “Brasilianerin”, em francês se diz “Brésilien”, para citar os principais idiomas com base latina e anglo-saxônica.
Ser Brasiliano é ser cidadão de verdade, de primeira classe, que não aceita mais imposições estúpidas, embora legalmente válidas, que invadam sua privacidade, relativizem seus direitos, não aceita ser extorquido, não espera tudo pronto – faz acontecer. Cidadão não diz que a política é abjeta, pois se a mesma estiver sendo, toma providências, não apenas reclamando, denunciando, o que já é importante, mas agindo objetivamente quando está diante de um projeto objetivo de transformação, seja local, estadual ou nacional. Não se omite, não diz que “isso não é comigo”. Cobra de quem prometeu, guarda os nomes em quem votou. Participa de partidos políticos e exige ser ouvido e que a democracia nos mesmos seja a mesma que tanto defendem em discursos e programas.
Ser Brasiliano é ser cidadão que sabe que as ações locais, com responsabilidade local, é o certo, pois financiar um grande paizão federal é burrice, ele sabe que aonde se concentra dinheiro e poder sobre corrupção e bandalheira.
Ser Brasiliano e exigir e agir por um País melhor a cada dia, assim como por seu estado e seu município, seu bairro e sua Família, até por sua empresa, seja como patrão ou como empregado.
Ser Brasiliano é deixar de ser “eiro”, deixar de financiar embusteiros, de, como súditos, pagar a conta da corrupta realeza que se encastelou em Brasília (e quem mora na Capital Federal é “brasiliense”).
Ser Brasiliano é ser humano de verdade.
Ser Brasiliano é ser dono de sua vida, é ter direito para buscar sua própria felicidade, respeitando sempre o espaço de outros Brasilianos.
Repito: não estou propondo a troca do gentílico “brasileiro”, mas o sentimento que o “eiro” implica, para o sentimento real de ser um cidadão de primeira classe. Esse sentimento, multiplicado pela Nação, derrubará o castelo Brasília, limpará o lixo da Capital de um País tão maravilhoso quanto o Brasil.
O Brasil, de cuja etimologia nos remete ao braseiro, que proporciona energia e calor, o calor humano do qual todos nos comprazemos, tem tudo para ser uma Nação de Primeira Classe, mais até mesmo do que ser do Primeiro Mundo, e só depende de uma mudança de status de seu Povo.
Deixar de ser o carvoeiro para ser o dono da carvoaria, o dono desse braseiro. E os donos do braseiro, do Brasil, são Brasilianos. Esse é o sentimento que proponho.
E... se você julga ser um Brasiliano, e quer que o Brasil seja uma Nação de Brasilianos, prósperos e felizes – pois a felicidade está na viagem e não na estação – então está convidado para ajudar outros Brasilianos a fazer isso.
Conheça as opções políticas se encontrar alguma outra. Investigue. A opção que oferecemos é o Federalismo, do Poder Local, da Responsabilidade Local. Aqui, você poderá ajudar a construir uma Nação Brasiliana, deixando para trás, a fase dos obreiros escravizados por um modelo que perdurou desde a descoberta da Terra de Vera Cruz.
Saudações Federalistas! E Brasilianas!
Thomas Korontai